Falta de matéria prima pode condicionar lançamento de novos CDs

Dificuldades de acesso as divisas para edição de CDs fora do país, escassez de matéria prima e os elevados preços praticados pelas poucas empresas fornecedoras dentro do país, pode a breve tempo, condicionar o lançamento de novos discos no mercado.

Alcino Eduardo, Director da Gospel Life
Alcino Eduardo, Director da Gospel Life

Alcino Eduardo Nzage, dono e Director da Gospel Life, empresa que além de outros serviços, se destaca na edição de CDs, especialmente para o mercado gospel, pede a intervenção urgente das autoridades governamentais e alerta que famílias podem sofrer as consequências. 
Em entrevista ao portal Arautos da Fé, revelou que a cerca de três meses, a empresa enfrenta dificuldades para aquisição de material no mercado local e teve de se deslocar ao exterior do país.
Anteriormente, explicou, as pessoas, editavam os discos “chamados originais” fora do país, porque havia facilidade na aquisição de divisas. Brasil, Portugal e África do sul eram os países mais procurados. “Com a escassez de divisas, as coisas tornaram-se difíceis.” 
Quando começou, a crise trouxe a valorização das poucas editoras existentes no país, porque, na impossibilidade de viajarem, os músicos confiavam os seus trabalhos a empresas locais. Só que as empresas fornecedoras de matéria prima, começaram a ter dificuldades para importar e “dispararam” os preços. 
50 discos, que antes eram vendidos ao preço de 2.500 kwanzas, hoje custam cerca de 30.000 kwanzas, o que encarece muito o preço final do disco. 
Segundo número um da Gospel Life, um músico que já faz um “investimento esforçado” para produzir as suas músicas, quando chega na parte editorial encontra dificuldade por causa dos preços e tem uma margem de lucros muito ínfima, as vezes inexistente. 
Aumentar os preços, nem pensar, pois que ao preço oficial os músicos já têm dificuldades de vender os seus discos. 1.500 Kwanzas é preço estabelecido para a venda de CDs, mas, muitos músicos preferem vende-los ao preço anterior que é de 1.000 kwanzas.
Alcino, que acompanha este segmento, faz tempo, diz que a maioria dos artistas que optaram pelo preço oficial, não tiveram sucesso. “Com as dificuldades que o povo vive, não é tão fácil comprar um disco a 1500 kwanzas, isso baixou a aderência.”
 
Dificuldades para importar material
Na busca de matéria prima para atender os seus clientes, o Director da Gospel Life, esteve recentemente em no Congo, África do Sul e Namíbia. Contou, que apesar de ter encontrado o material na África do Sul “ao preço habitual”, a “grande barreira” encontrou nas alfândegas de Angola e lamentou o facto do país colocar entraves a importação de material que não fabrica.
“A taxa de alfândega são 25% do valor total, mas ainda encontras outras e passas o risco de ser assaltado. Se você comprou 5.000 discos, podem te roubar 1.000 discos e depois ninguém se responsabiliza.”  
 
Intervenção do governo
Na falta de uma fabrica para produção de CDs em Angola, milhões de dólares são levados para outros países que atendem as necessidades dos artistas. Alcino Eduardo, defende intervenção urgente do governo e justifica que este dinheiro que sai, pode ajudar a economia local.
Lamenta que o país vai ganhando muitas fábricas de bebidas alcoólicas e nenhuma de discos. “Eu gostaria que o governo velasse por essa situação. Há artistas que sobrevivem da música, havendo escassez de material, estão a passar dificuldades porque não estão a ver os seus trabalhos sendo executados.”
 
Produção em Angola
As poucas empresas que sobrevivem neste seguimento, usam máquinas amadoras ou semi-profissionais para a gravação e impressão nos CDs, sendo que algumas terceirizam para gráficas industriais, a fabricação das capas.
Isso influencia na qualidade da obra discográfica e na sua durabilidade, reconhece o empresário, além de que leitores de CDs mais sofisticados, podem não reconhecer estes discos. Acrescentasse o facto de algumas marcas de CDs “virgens” vendidas em Angola, não serem de boa qualidade. 
Todo o trabalho é feito de forma manual, o que torna tudo mais difícil e complicado o processo de produção. 
Para evitar a pirataria e usurpação de direitos de autor, a Gospel Life, só aceita trabalhos encomendados pelos próprios músicos ou por pessoas devidamente credenciadas por estes.

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