Mercado da música evangélica é promissor – precisa de organização

O Mercado da música gospel está a dar os primeiros passos e de forma segura. Ao longo de muito tempo, nunca se consumiu música evangélica como está a acontecer agora, observou o músico evangélico Bigú Ferreira, em entrevista ao portal Arautos da Fé.

Bigú Ferreira, músico evangélico. (Foto: JC)
Bigú Ferreira, músico evangélico. (Foto: JC)

Numa análise que considerou modesta, o músico apontou para a necessidade de mais organização, profissionalização e de se incentivar a aparição de editoras viradas para este mercado.
“Há de facto muito talento, mas para atrair investidores nesta área, é preciso que este talento não saia só assim. Nós carecemos de qualidade sonora, sobretudo nas gravações, embora nos últimos discos lançados já se nota alguma preocupação dos fazedores de música gospel com este aspecto.”
Bigú Ferreira, disse que não se faz a mudança do dia para a noite e reconheceu que os artistas que já apostam na qualidade de som, em projectos estruturados com todas as etapas de inserção no mercado, que investem na qualidade das suas apresentações, tem dado mostras de que num futuro muito breve a música gospel há de estar em patamares muito altos.
Impacto da cultura local
O músico, revelou que não é apologista de limitações e defendeu a liberdade de criação. “Sou mais ligado àquilo que vem da alma.”
Para ele, se um músico se identifica e tem inclinação para ritmos/estilos nacionais, pode explora-los, mas, alertou, o músico deve evitar fazer músicas para atender as tendências do mercado, pois, “deixa de ser verdadeira”.
“A música gospel não se compadece com inverdades. Você deve ser puro e simplesmente verdadeiro consigo próprio e com Deus. Quando você faz uma música e é o que tem parecido, mais ou menos descuidada, põe um lamento no meio e sabe que isso é para trabalhar com o emocional das pessoas, eu acho que não é o caminho certo para se poder fazer música gospel.”
Ministério x carreira
Muitos músicos evangélicos têm dificuldades de assumir o lado comercial do trabalho que fazem. Bigú Ferreira, entende que por esta via de pensamento os músicos terão muitos problemas. 
Lembrou, que para além dele ser um levita, como se diz, é um artista. E como tal ele, deve adoptar a estrutura adequada para poder exercer a sua função. 
“Vê o meu exemplo, eu sempre fiz música, sou profissional de música, mas quero agora fazer música gospel. Tenho de optar por uma outra profissão ou tenho de viver da profissão na qual sou formado?”, questionou e depois respondeu:
“A minha postura perante este aspecto, eu não cobro o dono da obra ou seja, a Igreja. É a minha opinião, não cobro as minhas aparições dentro da igreja. Mas se for uma aparição que tem uma vertente comercial e a pessoa que vai organizar vai ganhar de alguma maneira, porquê não também ganhar por isso? Eu acho que é lícito e o cantor deve sim ganhar por isso.”
Para o músico, se nada nada choca com a Palavra, o artista deve ser livre.
 
O Mercado na visão de um economista
Para o economista Arsénio Satyohamba, o mercado da música gospel é um dos mercados mais estáveis nesse momento e aponta as razões: “Primeiro tem clientes disciplinados, clientes dirigidos e clientes que consomem o seu valor.”
Arsénio Satyohamba (Foto: Nakenis.08)
Arsénio Satyohamba (Foto: Nakenis.08)

A Bíblia, cita o profissional, nos ensina a sermos seres activos, a termos uma participação activa na sociedade. E 90% das pessoas que vão a igreja, calcula Satyohamba, trabalham ou estão a procura de emprego porque a Bíblia nos ensina a não ficarmos parados.
“Então, é um mercado em que as pessoas tem rendimentos e é um mercado em que as pessoas não são infiéis a Deus e aos seus princípios como, comprar discos falsos é falsificar, é pecado.”
Os cristãos sabem “muito bem” destes princípios, sublinha e compram discos originais, porque evitam o pecado. “Comprar discos piratas enquanto o outro passou a vida a trabalhar nisso é um pecado, o outro mercado (secular), não tem isso.”
O economista, exorta os cristãos a apoiarem os músicos porque a arte precisa também alimentar a barriga. “Temos de comprar o disco dos nossos irmãos para mantê-los motivados a produzir. Se não, eles vão se focar menos na produção artística e vão começar a arranjar outros biscatos e ali, vão baixando a qualidade da música.”
Para o artista que trabalha, o especialista indica alguns segredos para conseguir fundos necessários para a gravação do seu CD.
“Quer produzir um disco pode usar o segredo fundo de investimento. Separa um dinheiro (do salário) até que consiga atingir pelo menos 50%. As pessoas normalmente apoiam aquilo que já está a andar, ao ir procurar apoios na igreja para lançar o teu disco, fale com os irmãos da igreja quero lançar, mas diz que já fiz isso… já gravei as músicas, já fiz isso, só preciso… só com ideia sem nada, é difícil te apoiar. Empreendedorismo é assim, começa primeiro e depois pede dinheiro para crescer.”

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