“Falta de conhecimento faz as pessoas aplaudirem até o que é descartável”

A afirmação é de António de Jesus “Ancoje” e foi proferida ontem, durante a última edição do programa radiofonico Harpa, da rádio Escola.

Ancoje
Ancoje

Convidado para fazer análise e censura dos conteúdos gospel, o poeta Ancoje, referiu em várias ocasiões o livro Josué 1:8 e disse que quem quer sucesso na arte gospel, “tem que respeitar esse versículo”.
“Não cesseis de falar do livro desta lei, antes medita nele dia e noite, para que tenhas cuidado de fazer tudo quanto nela está escrito; então farás prosperar o teu caminho, e serás bem sucedido.”
O artista, explicou que a Bíblia divide-se em Antigo e Novo Testamento, e subdivide-se em (livros) históricos, proféticos, poéticos e cronológicos. “A tua música tem que ser histórica, cronológica, poética ou profética.” Exortou.
O convidado do programa apresentado pelo músico Luís Capoco, qualificou as composições como sendo “medíocres” e lamentou o facto das “pessoas” estarem a “evidenciar” mais o ritmo ao invés da mensagem.
“A música tem a componente canto, eu não domino dó, ré, não. Eu domino português que é a minha língua veicular e dentro disto tem que haver estética e excelência.”
Dentre as músicas analisadas pelo artista, está “zungueira” da irmã Sofia, “Me dá só Samuel” de Simba Reoboth e “Onde estava eu” do Coral Monte Sinai. “ Eu coloco em dúvidas a música da irmã Sofia, zungueira. A gente consegue ver que o Espírito que dá vida, não está na música.”
Questionado pelo apresentador, onde está a falha nesta música, respondeu “não edifica”. “Um dia já não há zungueira nessa terra, não vamos saber explicar a música aos nossos bisnetos. São músicas descartáveis.”
Alertado pelo apresentador de que a música “Onde estava eu” é um sucesso e vencedora da categoria gospel do Top Rádio Luanda, Ancoje questionou a idoneidade das pessoas que a avaliaram. “São juristas, teólogos? Quem são as pessoas que analisam essas questões? Eu em tempos, deixa-me só abrir um  parêntesis, fui homenageado numa gala em que não fui convidado.”
“Tudo isso só está acontecer por falta de um departamento. A Asso-música já devia ter assumido, que é o departamento de censura.”
A censura, defendeu, “trás mais qualidade e obriga os artistas à criatividade”.
Quanto as critérios que usaria o departamento de censura para analisar o conteúdo das músicas, respondeu que será necessário ter no mesmo, teólogo e jurista.
Sobre a música do cantor Bambila, “Emanuel”, a qual foi convidado a analisar também, preferiu não comentar e justificou. “Eu, fui a pessoa que profetizei e tu (Luís Capoco), estavas neste espetáculo, que ele seria… Deus falou no meu espírito, este será  o cara da música gospel em Angola.”
O programa Harpa, da responsabilidade da Asso-Música, é emitido todos os domingos das das 7 às 9 horas na rádio Escola, nos 88.5 em FM, e conta com a participação dos ouvintes que não quiseram ficar alheios a conversa de ontem.
Umpasi Armando, referiu que em Angola a música gospel não tem impacto porque existem pouco produtores cristãos. Francisco Cariato, disse que a música gospel tem servido de incentivo para si e “outras pessoas vizinhas”.
Já o ouvinte Bernardo Soba, destacou o crescimento da música gospel e apelou que se aborde mais os problemas sociais.
No próximo domingo, o assunto voltará a ser abordado no referido programa.

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