Desafios para os filhos e filhas de pastores

A igreja deveria ser uma comunidade de ajuda mútua, que leva os indivíduos a viverem de forma saudável e em unidade, contudo, isso nem sempre acontece pelos mais variados motivos e a comunidade de fé torna-se um lugar que separa. O ambiente religioso pode tanto proporcionar relações sadias de aceitação quanto pode propiciar exclusão.
Um dos grupos que mais sofre com o julgamento da comunidade é a família pastoral. O bispo Nelson Luiz Campos Leite afirma no livro Pastoreando pastores: vocação, família e ministério, que “há uma urgente necessidade de dar mais atenção e cuidado ao pastor, pastora e seus familiares.” A família pastoral é composta por pessoas com limites e imperfeições como qualquer outra e está sujeita aos mais diversos conflitos.
Infelizmente, os relacionamentos conturbados entre família pastoral e comunidade de fé são comuns. A existência desses conflitos é um desafio tanto para o/a pastor/a quanto para a igreja. Questionamentos sobre como devem ou não se portar o/a filho/a do/a pastor/a estão presentes em meio às comunidades de fé. Perguntas surgem também em relação à igreja por parte da família pastoral. Ambos os lados questionam-se e acabam por entrar em conflitos.
“– Filho de pastor? Deus me livre, só causa problemas.” Essa e outras expressões são mais comuns do que se imagina nas igrejas, por vários motivos, tais como: a falta de diálogo entre a igreja e a família pastoral, intolerância, falta de diálogo entre o/a pastor/a e seus/as filhos/as, assim como a falta de diálogo entre o/a pastor/a e a igreja, entre outros.
Como agir em meio aos conflitos entre a igreja e os membros da família pastoral – especificamente os/as filhos/as de pastores/as? Essa pergunta realmente é intrigante, pois não existe uma fórmula mágica para isto se resolver. Se existisse certamente alguém já a teria utilizado. Entretanto, existem alguns pontos que podem ser revistos:
Ambos os lados devem estar abertos ao diálogo e às mudanças de atitudes. A Igreja tem a oportunidade, ou até mesmo a “obrigação”, de orar, ouvir, apoiar, unir-se, influenciar, ser ambiente de carinho, confiança, transformação, entre outros, especialmente com a família pastoral.
O/a pastor/a deve estar atento/a ao seu papel como pai/mãe, pastor/a para com a vida de seu/a filho/a, sempre desenvolvendo um diálogo franco e construtivo. Ele ou ela não pode esquecer que também é sacerdote em sua casa.
O/a filho/a do/a pastor/a deve estar aberto a receber ajuda de seus familiares e igreja nos momentos de questionamentos. Desempenhar seu papel como parte da igreja, não somente por ser filho/a do/a pastor/a, mas pelo fato de ser coparticipante da obra de Deus e membro de uma comunidade de fé.
Assim, que a graça de Deus possa se manifestar por meio da relação entre a igreja e o/a filho/a do/a pastor/a. Que possamos desenvolver um ambiente de ajuda mútua e união. “Bem-aventurados os pacificadores, pois serão chamados filhos de Deus.” Mateus 5.9.
EC